segunda-feira, 28 de março de 2011

quinta-feira, 17 de março de 2011

Cachorro

Deu ao cão nome de brincadeira. Bricadeira que sonhamos juntos. Ou eu sonhei, não sei. Mas no meu sonho era um casal e um cachorro. E uma casa nova. Ou foi ele quem sonhou e eu pensei que o sonho fosse meu, já não sei. Já não sei quais sonhos invadi e de quais me apropriei sem ter sido convidada. Só sei que senti frio. Não foi tristeza, foi frio. Como ver uma perna andando sozinha e ficar procurando pelo resto do corpo. Um cão em cima do edredom que me aquecia. Um cão recebe o carinho que era meu. Ou que sonhei que fosse meu, já não sei. Eu era gata e ele dizia não gostar de cães. Eu queria um cão. O problema não é o cão, são as cadelas. É o cachorro.

***

Avulsos

Todo azul dos seus olhos para colorir o cinza
Vai no avião azul do céu
Eu fico no azul do mar
e o cinza no peito da falta que você faz

***

Tu é marrento
carioca
barbudo
bom de bola
e mexeu comigo assim
como assim
não assim
eu ri com suas graças
fucei suas ideias
curti suas músicas
e querer saber mais um pouquinho é meu vício
como assim
não assim
mas é carioca
marrento
cheio de esse e de xis e riso de moleque
é assim
sempre assim
com violão
posso não
sei que não
mas achei engraçadinho

***

Chapéu e charuto em olhos de garoto
riso tímido com pitadas de mau humor
Tem nome de poeta. E esconde sonetos
O que mais esconde?

Apague esse charuto e essa banca
Acenda um riso desarmado
É bonito um homem desarmado
peito aberto, alma aberta

E se o tiro vier? Dói.
E se o sangue escorrer? Dói.
E se tiver que doer?

E se o choro vier? Dói.
E se a lágrima escorrer? Dói.
E se tiver que doer?

***