terça-feira, 2 de agosto de 2011

A memória, essa ingrata.

Eu me lembro muito bem de quando comecei a esquecer sem querer. O desespero que senti. Mergulhei em fotos, em histórias, para guardar você comigo. Mas minhas lágrimas nunca faltaram. Ano após anos, mesmo sem lembrar seu rosto de cor, mesmo que o assobio e a risada alta já soem tão longe, a falta existe. A falta cresce. Tanta coisa que você perdeu desde que eu perdi você. E dizer "pai" é salgado todo agosto.

4 comentários:

Rafael Porto disse...

Caramba, Amanda, que texto lindo! Deus te abençoe e te dê um conforto de pai para suportar a saudade.
:)

Bordados e Retalhos disse...

Sei muito bem o que é isso. Saudade de uma mãe que se foi tão cedo, saudade também de uma pessoa que está tão perto de mim, mas que faz questão de ficar tão longe. Seu texto é lindo, direto e emocionante. Parabéns!!!

Giovanna

Gêmula disse...

Sempre tão sincera, tão profunda, ao mesmo tempo simples! Havia me esquecido como é gostoso ler o que vc escreve...apesar de muitas vezes falar de dor, saudades e tristezas. Como é facil entender, como vc estar por aqui. ;)

Carla disse...

tão lindo! me lembrou o "poema esquisito", da Adélia Prado.

"Passou finados não fui lá, aniversário também não.
Pra quê, se pra chorar qualquer lugar me cabe?
É de tanto lembrá-los que eu não vou.
Ôôôô pai
Ôôôô mãe
Dentro de mim eles respondem
tenazes e duros
porque o zelo do espírito é sem meiguices:
Ôôôôi fia."